domingo, 15 de maio de 2011

Assessores das CEBs querem formação sistemática nas grandes regiões do Brasil


Terminou neste domingo, 17, no Rio de Janeiro (RJ), o 1º Seminário Nacional para Assessores das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), promovido pelo Setor CEBs da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato da CNBB, em parceria com o Iser-Assessoria.
Entre as conclusões do encontro foi destaque a necessidade de uma formação sistemática para os assessores das CEBs nas grandes regiões do Brasil, a constituição de uma rede de assessores de CEBs, além de contribuições para a animação das CEBs no contexto das comemorações do cinqüentenário do Concílio Vaticano II e das novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE).
Reunidos desde o dia 14, durante o Seminário os 30 assessores, representantes de 15 regionais, debateram as “CEBs diante dos desafios contemporâneos”. Para isso, a teóloga e professora da PUC-RJ, Eva Aparecida Resende, apresentou nos documentos do Magistério da Igreja (Concílio Vaticano II, Conferências do Celam e CNBB) os fundamentos teológicos para as Comunidades de Base.
O assessor do Setor CEBs da CNBB, professor Sérgio Coutinho, juntamente com a socióloga Solange Rodrigues, do Iser-Assessoria, problematizaram a questão da “Identidade e Diversidade das CEBs”. Eles enfatizaram seus elementos eclesiais estruturantes e a diversidade de suas experiências no Brasil. O professor Celso Carias da PUC-RJ e o professor Ivo Lesbaupin do Iser-Assessoria, apresentaram os desafios para as CEBs hoje na dimensão social, política e econômica, especialmente no Brasil. Além disso, os participantes assistiram ao vídeo do 7º Intereclesial das CEBs realizado na diocese de Duque de Caxias, em 1989.
No sábado, 16, o Seminário debateu outros desafios para as CEBs em sua dimensão cultural e religiosa. As sociólogas Lúcia Ribeiro (Iser-Assessoria) e Sílvia Fernandes (UFRRJ) trabalharam o papel da mulher e as relações gênero nas CEBs, como também toda a problemática relativa ao pluralismo religioso que afeta amplamente na sociedade atual. A parte da tarde foi dedicada ao papel e ao trabalho do assessor das CEBs. Para isso o padre Nelito Dornelas, da CNBB, ajudou com uma dinâmica a partir da pedagogia de Jesus descrita na narrativa dos discípulos de Emaús.
O último dia do seminário se iniciou com a celebração litúrgica do Domingo de Ramos, onde se fez memória dos mártires de muitas comunidades e se renovou o compromisso pela defesa da vida no planeta. Os participantes elaboraram suas sínteses individuais e discutiram em grupos os encaminhamentos para os próximos seminários.

Assessores das CEBs discutem “Os desafios do mundo contemporâneo” em Seminário no RJ


Aconteceu na Casa Assunção, no bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro até domingo, 17, o 1º Seminário Nacional de Assessores e Assessoras das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). O evento reúne 30 assessores das CEBs, dos 15 Regionais da CNBB, desde ontem 14.
Com o tema “As CEBs frente aos desafios do mundo contemporâneo”, o Seminário é uma realização do Setor CEBs da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato da CNBB em parceria com o Iser-Assessoria, entidade sediada no Rio de Janeiro e que promove pesquisas e assessorias nas áreas de religião, cidadania e democracia.
Outro objetivo do Seminário é promover uma formação mais sistematizada para aqueles que acompanham a caminhada das CEBs nos seus respectivos regionais; debater sobre a identidade das CEBs hoje e refletir os desafios que estão postos pelo mundo contemporâneo, tais como o mundo urbano, o mundo rural, a juventude, mudanças climáticas, os grandes projetos de infra-estrutura no país e as CEBs na vida da Igreja no Brasil a partir do documento 92 da CNBB.
O assessor do Setor CEBs, professor Sérgio Coutinho, destaca que este seminário vem de encontro a um momento novo, um verdadeiro tempo de graça [kairós] na Igreja da América Latina e Caribe. “A Conferência de Aparecida chamou a atenção para o seguinte: para que a Igreja seja toda missionária é necessária uma conversão pastoral e mudança de suas estruturas, saindo de uma pastoral de manutenção para uma pastoral verdadeiramente missionária. Daí, ela chama a atenção para uma Igreja que seja comunidade, melhor, rede de comunidades”, explicou o assessor.
Ainda segundo Coutinho, as CEBs compreenderam muito bem isso com a realização do 12º Intereclesial, realizado em Porto Velho (RO), em julho de 2009, quando trabalhou o tema da ecologia e da missão, e este evento teve repercussão direta na última Assembleia Geral da CNBB, quando as CEBs foram tema prioritário. O resultado foi a publicação do documento 92 “Mensagem ao Povo de Deus sobre as CEBs”.
Para Lenir Assis, da diocese de Londrina e assessora do Regional Sul 2 (Paraná), “este seminário vem em um momento providencial porque a caminhada das CEBs no Brasil precisa ainda ser mais aprimorada, procurando compreender os novos momentos que vivemos, sem deixar de fazer memória, de resgatar a nossa história, principalmente para aqueles mais novos, que estão chegando agora nesta missão de assessor e assessora de CEBs”.
Ao longo destes dias, os participantes trabalharão as CEBs nos documentos da Igreja (do Vaticano II a Aparecida e nos documentos da CNBB); a identidade e a diversidade das CEBs; os desafios contemporâneos nos campos sócio-político, cultural e religioso; e o papel dos assessores nas CEBs.

UM POUCO DA HISTÓRIA.



Quando um brasileiro chega às paróquias das Filipinas, logo lhe perguntam a respeito do caminho das pequenas comunidades brasileiras; no México, quando se elaboram os planos de pastoral, o ponto de referência são as comunidades eclesiais de base do Brasil.
Entre as forças emergentes da Igreja nestes últimos anos, há a experiência significativa das Comunidades Eclesiais de Base. São grupos que amadureceram e ganharam sua legitimidade como forças vivas da Igreja num momento particularmente difícil e, ao mesmo tempo, glorioso da Igreja da América Latina. As Comunidades Eclesiais de Base representam, ainda hoje, um ponto de referência para muitas Igrejas espalhadas pelo mundo todo e adquiriram um estatuto legítimo nos documentos da Igreja oficial. Hoje, no entanto, nos perguntamos sobre a real consistência dessas comunidades e quais rumos estão trilhando à entrada do terceiro milênio.


O que são as CEBs
1. O nome "CEBs"
Houve um tempo em que não havia muita necessidade de explicar o significado da sigla "CEBs". Fazia parte do imaginário e do vocabulário de muitos cristãos católicos. Suscitava entusiasmos e esperanças, assim como perplexidades e interrogações. 
Mas hoje, muitos nem se lembram mais dos difíceis e duros anos da ditadura militar no Brasil e nem participaram do processo de democratização. Foi naquela época que pipocaram, em todo o país, pequenas comunidades ligadas principalmente à Igreja católica. Querendo ou não, contribuíram de diferentes maneiras para o processo de democratização. Eram grupos de pessoas que, morando no mesmo bairro ou nos mesmos povoados, se encontravam para refletir e transformar a realidade à luz da Palavra de Deus e das motivações religiosas. Daí o nome de Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Começavam também a reivindicar pequenas melhorias nos bairros, mas, ao mesmo tempo, iniciavam uma caminhada para tomar consciência da situação social e política. Queriam a transformação da sociedade. Inspiradas no método "Paulo Freire" de alfabetização de adultos, executavam uma metodologia que levasse da conscientização à ação.
O prof. Faustino Luiz Couto Teixeira, especialista sobre o assunto, escreve que "nos anos 70 e início dos 80, falava-se muito no impacto da atuação das CEBs no campo sócio-político, enquanto geradoras de uma nova consciência das camadas populares e fator de grande importância no processo de libertação dos pobres." Em outras palavras, essas pequenas comunidades cristãs, de 20 a 100 membros, eram consideradas um novo sujeito popular (Petrini, 1984), capaz de reverter a situação de pobreza e apontando para uma nova sociedade mais justa e fraterna. Depois veio a abertura democrática e o fim da ditadura, houve a crise no Leste europeu e a queda do modelo socialista burocrático; houve a afirmação do capitalismo de corte neoliberal e também mais exclusão e pobreza. Foi na segunda metade dos anos 80 e nos anos 90, que as CEBs tiveram que repensar sua identidade.
Mais especificamente no interior da Igreja Católica, as CEBs queriam rever uma estrutura muito piramidal, de cima para baixo. Incentivadas pelo Concílio Vaticano II (1962-1965), vislumbraram uma maior participação dos leigos e um processo mais participativo de tomada de decisões. Ao redor da imagem de "povo de Deus", que foi caracterizada pelo Concílio, as comunidades sentiram-se parte ativa na construção do Reino de Deus. Houve quem aplaudisse e quem desqualificasse essa atitude como algo que ameaçasse destruir a estrutura de dois mil anos da Igreja. Falava-se da prioridade do carisma sobre a instituição (L. Boff) e usava-se o método das ciências sociais para analisar a Igreja. Substituir a tradicional filosofia pelas ciências sociais representava o risco de introduzir a análise marxista dentro da Igreja. Começou-se, então, a falar do perigo comunista na Igreja e muitos ficaram alarmados. Até o Departamento de Estado Norte Americano pronunciou-se, contundentemente, através de dois documentos chamados "Santa Fé": "a Teologia da Libertação e suas células (as CEBs) representam uma doutrina política disfarçada de crença religiosa, com um significado antipapal e antilivre empresa, destinadas a debilitar a independência da sociedade frente ao controle estatal" (Santa Fé II).


2. Surgimento das CEBs: um pouco de história
É difícil estabelecer com precisão o momento exato do surgimento da primeira CEB no Brasil. Pe. Fernando Altemeyer Jr. diz que "é como o filho de pobre: nasce num dia, mas fica registrado num outro." Em geral, registra-se a origem no começo dos anos 60, sob influxo da experiência de catequese popular na Barra do Piraí (1956) ou do Movimento da diocese de Natal, ou ainda do Movimento de Educação de Base.
O contexto sócio-cultural e eclesial brasileiro contribuiu para a eclosão das CEBs. Não se pode negar a influência do esforço da Ação Católica na questão da cidadania, os esforços de renovação pastoral do Movimento para um Mundo Melhor e dos Planos de pastoral da CNBB - Plano de Emergência e Plano de Pastoral de Conjunto - e também a rearticulação da pastoral popular após o golpe militar de 1964. Alguns falam da gênese remota das CEBs nas experiências de iniciativa leiga do catolicismo popular que teve sua marca original até a segunda metade do século XIX.
Todas essas influências não explicam completamente a gênese das CEBs no Brasil. Faustino Teixeira diz que é necessário mencionar também os movimentos mais amplos de renovação eclesial, iniciados no início do século XX e sancionados pelo Concílio Vaticano II. Parece que o elemento detonador das CEBs no Brasil foi exatamente a experiência única e marcante do Vaticano II. Este Concílio revelou seu potencial pastoral em sua abertura para o mundo e para a história e, ao mesmo tempo, sua densidade de reflexão, postulando a imagem da igreja como sendo o povo de Deus a caminho. As CEBs resgataram esses filões através da releitura que a Conferência de Medellin (1968) e Puebla (1979) fizeram na América Latina. Medellin preencheu o imaginário eclesial com a temática da Libertação e Puebla com a evangélica opção pelos pobres. Alfredo Bosi fala que "as Cebs são uma alternativa feliz de enraizar os valores da fé cristã num momento histórico determinado", depois que a Ação Católica foi desmontada nos ano 60.


3. Traços característicos das CEBs
Mesmo que se tenha certa dificuldade em encontrar traços homogêneos e constantes em todas as CEBs, há alguns elementos que, em geral, podem ser detectados.
Um elemento é a territorialidade, isto é, as pessoas de uma comunidade estão situadas num território geográfico específico. É muito fácil que se conheçam e que estabeleçam relações e contatos. "Base" significa propriamente essa concentração de pessoas num povoado ou num bairro. As experiências históricas mostram que, muitas vezes, foram essas comunidades que ajudaram a reivindicar serviços básicos, como água, luz e esgoto, e a reorganizar a vida do bairro. 
A leitura e a reflexão sobre a Palavra de Deus é outro traço característico das CEBs. Muitas comunidades começaram como reuniões bíblicas que iluminavam a vida das pessoas. À medida em que a vida comunitária se organizava foi introduzido também o culto dominical ou a celebração da Eucaristia.
A participação e a discussão dos problemas em forma de assembléia caracterizou muitas Comunidades de Base. A metodologia participativa inclui a colaboração de todos na discussão, na solução e no encaminhamento concreto do problema. Se, por exemplo, o tema é o desemprego, há no final um compromisso concreto que é assumido por todos: preparam-se cestas com alimentos básicos que são distribuídas aos desempregados. Esse espírito desencadeou a emergência de ministérios leigos que foram se multiplicando a partir das exigências da comunidade: há ministros da Palavra, ministros da Eucaristia, ministros da pastoral da moradia, do trabalho, do menor. Muitos serviços englobam mulheres e homens em clubes e pequenas organizações: hortas comunitárias, clubes de mães, alfabetização de adultos e, muitas vezes, grupos de sustentação dos movimentos populares. Esses serviços destacam o compromisso das CEBs com os mais pobres e a relação conseqüente entre fé professada e vida concreta. É propriamente o compromisso com as camadas mais desfavorecidas da população que tornaram as CEBs profundamente ativas no campo social. O pobre não é visto como problema, mas como solução no processo de construir uma nova sociedade. 
Por fim, o horizonte para o qual as CEBs se deslocam é a prática concreta de Jesus e o sonho de rea-lizar o Reino de Deus. Termos co-mo justiça, fraternidade, solidariedade, compromisso e caminhada revelam, de um lado, o seguimento de Jesus e, de outro, a vontade de implantar concretamente o Reino de Deus.


Desafios atuais das CEBs
É conversando com pe. Fernando Altemeyer Jr., assessor da Ampliada Nacional do 10º Intereclesial (ver quadro) junto com pe. José Oscar Beozzo, que aprendemos quais são os atuais desafios das Comunidades Eclesiais de Base no Brasil. Pe. Fernando é atualmente professor na PUC de São Paulo e membro da coordenação da pastoral da comunicação da Arquidiocese de São Paulo.
"Nos anos 90 - conta Pe. Fernando - as CEBs entraram numa vida submersa. Durante a época da ditadura, quando tudo estava submerso, as CEBs brilhavam; agora que não há mais ditadura, as CEBs imergiram no fundo". Essa vida submersa e clandestina é revelada pela pouca visibilidade institucional e pela pouca relevância que as comunidades têm nos meios de comunicação e no campo eclesial. Mesmo não ocupando muito espaço na preocupação dos bispos e na metodologia pastoral, "as CEBs - diz pe. Fernando - continuam tendo um forte vínculo com as lutas populares, com as ONGs (Organizações não governamentais), com os grupos de mulheres e lá onde a vida está mais esmagada (AIDs..)".
Ainda, segundo pe. Fernando, as CEBs estão dando mais espaços à questão étnica. Negros e indígenas são de casa nas CEBs. É aqui que os grupos fazem descobertas das próprias raízes e levantam a cabeça. O momento é muito mais sapiencial que profético.
Trata-se de um dinamismo subterrâneo em que a seiva continua correndo e produzindo vida, a qual porém não é visível se não na vida da planta que cresce vigorosa. Isto acontece "mesmo que os novos padres não apoiem e atuem mais como funcionários da instituição."


CEBs e política nos anos 90
E pe. Fernando Altemeyer Jr. continua a reflexão:
"Há um certo desencanto das comunidades com a questão política. Antes de tudo, o modelo econômico neoliberal e a falta de um projeto alternativo das esquerdas fazem com que as Cebs fiquem recuadas e decepcionadas. A grande atenção das comunidades se desloca mais para o local. Lá onde é possível a participação popular, os orçamentos comunitários, a pressão e a atuação direta nas prefeituras e nos Estados, as CEBs se movem com mais força e entusiasmo. Na grande política há muita decepção. Até os grandes partidos, historicamente ligados à mudança social, estão sem perspectivas e projetos. Imagine as bases."


CEBs e estrutura da Igreja
"Está muito difícil! Na Igreja Católica, infelizmente, os leigos são ainda pouco considerados. A estrutura da Igreja é ainda muito piramidal. Como pe. Libânio diz, devemos resgatar a experiência do primeiro milênio que pode servir para o terceiro. Sim, porque a Igreja do segundo milênio foi uma Igreja feudal e piramidal. O leigo não pode ser sempre o funcionário do padre. Pense, por exemplo, na questão missionária: numa igreja toda ministerial, toda a Igreja seria missionária. Mas, até hoje ainda a missionariedade específica está ainda muito concentrada nas congregações religiosas."
CEBs e outras forças da Igreja
"As Cebs aprenderam às duras penas que elas não eram o único modelo eclesial. Num tempo, elas tinham uma certa vaidade como qualquer movimento novo. As CEBs são uma estrutura de base da Igreja, mas não a única maneira de a Igreja se expressar. Hoje, elas estão mais maduras e dialogam com outros movimentos dentro da Igreja, incluídos os carismáticos. Antes havia um certo leninismo, para usar uma expressão forte, um leninismo eclesiástico. Às vezes, brinco com grupos de CEBs e digo, deixando-os nervosos, 'sem carismáticos a Igreja não pode viver, porque sem carisma a Igreja perde o Espírito.' Mas também sem CEBs, a Igreja perde seu valor. É interessante ver que as CEBs nunca tiveram problemas com experiências e movimentos leigos como a Legião de Maria, o Apostolado de Oração e com os Vicentinos. Como as CEBs, esses movimentos souberam integrar o catolicismo popular. Agora, com os carismáticos, a diferença está na metodologia da prática social. Mas, também com eles estamos dialogando."
CEBs e ecumenismo
"Eu acho que este é um campo minado e pouco trabalhado pelos agentes das CEBs e por lideranças, quer leigos quer religiosos e padres. Todos são muito mal preparados para o diálogo ecumênico. É claro que ecumenismo é, antes de tudo, uma graça do Espírito Santo. É preciso rezar muito, ouvir muito, tentar compreender, mas precisa também competência, saber que luterano não é metodista; saber que um pastor pentecostal de uma Igreja de missão não é a mesma coisa que um pastor de uma Igreja pentecostal neodenominacional. Não é somente questão de semântica, é necessário saber que existem identidades protestantes diversificadas. Precisamos de mais cursos, mas também de mais encontros ecumênicos. Pense que os protestantes que chegaram ao Sul do Brasil eram considerados traidores de Cristo: isso ainda está enraizado na mentalidade católica. A Igreja tem muito mais jeito para se aproximar dos judeus do que tratar com quem crê em Cristo. No Brasil, faltaria também uma outra coisa que é o diálogo inter-religioso com os não-cristãos."
CEBs e América Latina
"Houve mais consciência de uma abertura latino-americana, até a década de 90. Hoje, por vários motivos, entre os quais, paradoxalmente, o modelo neoliberal com sua vertente de globalização idealista, de um lado, fala-se de universalismos e, de outro, aprofundam-se, com radicalidade, os localismos. Cada um se sente mais fechado no seu mundinho. Nós somos menos latino-americanos do que fomos anteriormente. Considere, por exemplo, o problema com a Argentina que vê o Brasil como inimigo, cada vez que sobe um pouco o valor do dólar. Isso cria tensões. Nós precisamos restaurar a aliança latino-americana num novo modelo. Quem sabe, menos política e mais alternativas econômicas e culturais."
CEBs e massa
"CEBs e massa popular é um tema bastante difícil na vida das comunidades. Eu chego à conclusão de que Jesus nunca se negou a trabalhar com um pequeno grupo de doze pessoas como referência, até pedagógica. Ele cuidou desse grupo. Era o seu grupo. Ao mesmo tempo, porém, nunca se omitiu de atender a massa que o rodeava. Aqui está a questão. Devem ser reforçados os pequenos grupos como sendo o fermento e não se omitir de comunicar e atender os anseios das massas, mesmo com os meios de comunicação.
CEBs e dimensão universal da missão
"Há algumas experiências significativas das CEBs que precisam ser contadas. José Marins (e sua equipe) é um daqueles que contribuiu para globalizar as CEBs. Ele leva e traz. Age localmente e pensa globalmente. Ele contribui para criar uma catolicidade das CEBs. Outro fato de abertura das CEBs é representado pelos encontros regionais, como aquele que aconteceu entre Argentina, Paraguai, Brasil e Uruguai. Há também missionários das CEBs em outros lugares do mundo, como Luís Fernando, um brasileiro e negro, em Moçambique. Tudo isso vai criando pontes e contatos."
Sugestão para os Institutos missionários
"Eu peço aos Institutos Missionários que mantenham aberta a perspectiva do leigo missionário. Acho que vocês, revistas missionárias, têm que falar isso milhões de vezes até o pessoal acreditar. Isso também significa mudar as estruturas dos Institutos missionários e torná-los mais ágeis em relação à presença dos leigos. Outra sugestão é que vocês mantenham as revistas missionárias. Eu confesso que minha vocação tem muito a ver com as leituras missionárias que fiz e que faço. Sinto-me reforçado em saber que há missionários na Papua Nova Guiné que são promotores de vida em lugares difíceis. Publiquem testemunhos e exemplos de missionários. O exemplo vale muito mais do que mil palavras."
Históricos dos Intereclesiais
O Intereclesial é um encontro que reúne os representantes das CEBs. Vindos de todas as partes do Brasil, os representantes das Cebs encontram-se periodicamente para celebrar e avaliar sua caminhada. Esse fato representa uma oportunidade de envolver as dioceses do País (no último encontro, de 250 dioceses do Brasil, 240 estavam presentes) e representantes de outras igrejas. Além disso, os Intereclesiais cumprem a finalidade de ser memória viva da caminhada da Igreja.
Até agora, foram feitos nove encontros intereclesiais. No ano 2000, acontecerá o 10º encontro em Ilhéus, Bahia, de 11 a 15 de julho.
O 1º Encontro Intereclesial de CEBs foi realizado em Vitória (ES), em janeiro de 1975, ano em que o país mergulhou no terror por causa da repressão do regime militar. Teve como tema: "CEBs: Uma Igreja que Nasce do Povo pelo Espírito de Deus" e contou com a participação de 70 pessoas, além de bispos e assessores.
O 2º Encontro também foi realizado em Vitória, em agosto de 1976, registrando a presença de 3 bispos latino-americanos e a participação de 100 pessoas. Tendo como tema: "CEBs: Igreja, Povo que Caminha", o encontro se voltou para o engajamento das Comunidades Eclesiais de Base nas lutas sociais.
Em julho de 1979, ano da anistia, João Pessoa, na Paraíba, sediou o 3º Encontro Intereclesial das CEBs. Contou com 200 participantes, entre índios, evangélicos e latinos e discutiu o tema: "CEBs: Igreja, Povo que se Liberta."
A proximidade do fim da ditadura militar marcou o 4º Encontro. Realizado em abril de 1981, em Itaici (SP), teve como tema: "Igreja, Povo Oprimido que se Organiza para a Libertação" e contou com a participação de 280 pessoas. 
Em 1983, o 5º Encontro aconteceu na cidade de Canindé (CE), famoso centro de romaria nordestino. Para lá confluíram mais de 500 participantes. O tema do encontro foi: "CEBs, Povo Unido, Semente de uma Nova Sociedade."
O 6º Intereclesial foi realizado após a ditadura militar (1986), em Trindade (GO) - dois anos depois da campanha das "Diretas já" e um ano após a eleição de Tancredo Neves, que marcou o início da Nova República. Com a participação de 1647 pessoas, apresentou o tema: "CEBs: Povo de Deus em Busca da Terra Prometida.".
No 7º Encontro, realizado em julho de 1989 na cidade de Duque de Caxias (RJ), uma das regiões mais pobres do país, estiveram presentes 2.550 pessoas, entre representantes de 19 países latino-americanos e 12 Igrejas evangélicas. O tema foi: "CEBs, Povo de Deus na América Latina a Caminho da Libertação". Refletiu o importante momento que a sociedade brasileira vivia: eleições diretas para presidente da República, depois de 20 anos de silêncio.
O 8º Encontro aconteceu em Santa Maria (RS), em setembro de 1992, ano do 5º centenário da conquista da América, e às vésperas do impeachement de Collor. Registrou a participação de 2.238 delegados, 88 representantes latino-americanos e 106 evangélicos. Teve como tema: "CEBs: Culturas Oprimidas e a Evangelização na América Latina."
Realizado em São Luiz (MA), o 9º Intereclesial aconteceu em julho de 1997, contou com a participação de 2.700 pessoas que refletiram sobre tema: "CEBs: Vida e Esperança nas Massas". Ao final do encontro, os delegados escolheram a Diocese de Ilhéus, na Bahia, para sediar o 10º Encontro Intereclesial.


O 10º Intereclesial
O 10º Intereclesial será realizado em Ilhéus (Bahia) nos dias 11 a 15 de julho do ano 2000. O tema será: "CEBs, Povo de Deus, 2000 anos de caminhada." Ressaltará a origem das CEBs junto com o surgimento do cristianismo. Dessa forma, estão envolvidos nas reflexões o jubileu do nascimento de Cristo, os 500 anos do Brasil e os 25 anos dos Intereclesiais, numa perspectiva de avaliação e celebração da caminhada.
A Oração
Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, a melhor Comunidade, Deus da vida e do amor!
Celebrando os 2000 anos da caminhada e os 25 anos dos Intereclesiais, caminheiros - caminheiras de todo o Brasil, da Nossa América, do Mundo, caminhamos, peregrinos, para Ilhéus.
Com o São Jorge das lutas do Povo, com o São Jorge da lua dos sonhos; com o mártir são Sebastião e todas as testemunhas de ontem e de hoje.
Caminhamos para a Bahia de todos os santos e santas pátria dos romeiros, artistas e lutadores, Nordeste aberto ao mar, baía de muitas águas e de todas as culturas, santuário da negritude e da indianidade.
O berrante do Jubileu e os atabaques dos 500 anos nos convocam a refazer a História e a Evangelização renovando a Sociedade e a Igreja na vivência de uma verdadeira Eucaristia de partilha de fé, da terra e do pão, rumo ao Porto Seguro do Reino.
Dá-nos um coração ecumênico e ecológico, fidelidade à oração e à solidariedade, coragem e ternura na militância.
Fortalece nossa esperança e nosso compromisso na opção pelos pobres, nas lutas pela justiça, na construção da cidadania, na causa do Evangelho.
Pelo Senhor do Bonfim, Caminho do bom andar, e por Santa Maria da caminhada. Amém, Axé, Aleluia!


Pedro Casaldáliga




MUDANÇAS NAS PRÁTICAS DAS CEBs:

A partir da fala dos participantes
DÉCADA DE 80
Antônio, da Favela Esperança - zona Sul de São Paulo, em 1986, associa claramente a vida da CEB com as celebrações, as lutas populares, a alfabetização de adultos e a reforma agrária.
"Eu vejo isto, se não fosse a comunidade Esperança que sempre está junto com a gente, transmitindo este incentivo, eu acho que toda nossa favela teria acabado. Até a esperança teria acabado. Se precisarmos fazer uma melhoria no barraco, recorremos à comunidade. E a Igreja tem dado sempre apoio para nós. A comunidade tem sido a mão direita da favela. Eu faço questão de participar das celebrações porque acho que, através da leitura do Evangelho, a gente consegue ter forças e se enriquecer. Se não houvesse celebração talvez a gente se perderia e a luta dos moradores ficaria prejudicada. Pensa que eu nem sabia ler e escrever. Não é que eu agora sei muito, mas em vista do que sabia, hoje tenho uma visão mais clara. Começamos a nos reunir para apreender a ler e a escrever. Estou falando dos Círculos de Cultura do Paulo Freire. Está sendo muito bom. Assim nós temos aulas para adultos, celebrações, reuniões de reivindicação e lutas para a melhoria da favela. Com certeza vamos conseguir a vitória. Com relação à reforma agrária, eu penso que cada um tem direito a seu pedaço de terra, seja no campo ou numa favela, porque Deus, quando fez o mundo, deixou a terra para todo mundo usar. E hoje o que vemos? Um cara, se tiver um pedacinho de terra, deve pagar imposto, tem que pagar isso e aquilo. Os tubarões estão tirando terra da gente. Fico sabendo que há muitas mortes por causa da terra. A Reforma Agrária é uma coisa séria e devemos nos envolver mais.
DÉCADA DE 90
Carmen, Zinha e pe. Fernando da Cruz (Vila Joaniza -SP), caracterizam as CEBs nos anos 90 como voltadas para si mesmas, tendo perdido muito do espírito de mudança.
"Nossas comunidades, que um tempo tinham nascido como Comunidades Eclesiais de Base, estão ultimamente muito apáticas no compromisso social e muito centradas na celebração. Parece que o povo das comunidades não reage mais como antigamente. E pensar que hoje há muito mais pobreza e sofrimento. Até parece que há uma alergia a todo e qualquer compromisso de transformação da sociedade. A verdade é que as lideranças antigas não se preocuparam com o surgimento das novas lideranças e, também, que muitos ficaram desencantados diante dos poucos resultados. O horizonte se encurtou. Há cansaço, mas mais do que isso: indiferença. E a pobreza vai aumentando. O problema é que o espaço da Igreja virou um espaço fechado, voltado para dentro. Grandes celebrações em que as emoções são levadas ao extremo e... nada mais. Certo não dá para repetir aquilo que foi nos anos 70, mas é necessário encontrar novos caminhos. É sofrimento demais no meio do nosso povo. Há algum compromisso social presente, como uma tentativa de reconstruir a alfabetização de adultos ou um trabalho com crianças. Mas é somente uma minoria que toma a iniciativa e o resto não quer saber de nada. A verdade é que neste final de milênio a Igreja está sempre mais se fechando sobre si mesma. Quer juntar gente para quê? Se não é em vista da construção do Reino, de olhar aberto sobre a realidade, não leva a lugar nenhum".

CEBs.

Numa sociedade globalizada, ainda há espaço para a experiência comunitária vivida nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs)? O bispo Dom Eurico compartilha algumas reflexões sobre o tema.

Muita gente se pergunta pela atualidade das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), isto é, se ainda tem sentido na sociedade contemporânea falar e, sobretudo, fazer uma experiência de CEBs. A partir desta indagação, intuí alguns palpites que partilho com quem continua trabalhando para manter acesa a lamparina (cf. Lc 11,33-36).

Começo, propositadamente, com uma provocação que vem sendo usada para descaracterizar ou, pelo menos, relativizar a presença e missão das CEBs em nossos dias, a saber, a sociedade globalizada.

Muita gente acredita e divulga que na forma de organização social atual, com a primazia do mercado e, com ele, as relações subordinadas ao capital e ao lucro, ou o avanço tecnológico que impõe conhecimento e informação, e tudo o que daí decorre, não haja mais lugar para a construção de comunidades ou a realização de um projeto autenticamente comunitário. Ou seja, na sociedade, tal como está aí, hoje, seria utópico pensar e apostar na força da união, do "um por todos e todos por um", pois a lei da competição defende que é cada um por si mesmo e ponto. Uma teoria que, é bem verdade, no contexto do capitalismo neoliberal faz sentido e expressa o sentimento comum daquelas pessoas que assimilaram e introjetaram a ideologia dominante. 

O mais interessante, porém, é que quem continua atento e fiel aos "sinais dos tempos" e lugares pode usar o mesmo argumento do neoliberalismo e da globalização para contestar esta posição conservadora que não representa mais que a manutenção do status quo.

O atual sistema social supõe e impõe critérios e estilos de vida frontalmente opostos ao cristianismo que, desde sua origem, sustenta que ser cristão passa pela adesão ao espírito comunitário (cf. At 2,42-47; 4,32-37; 5,12-16) ou, se preferirmos, a fé cristã, que é, obrigatoriamente, mediada por relações de amor e fraternidade (cf. 1Jo 4,12) só pode ser experimentada em comunidade, e nunca fora dela (cf. Jo 20,19-29). 

A sociedade globalizada postula intimismo, individualismo, consumismo, competição, lucro e tudo o que submete a vida humana e ecológica à soberania do mercado; a relação de comunidade (comum-unidade) se estabelece, em contrapartida, pela abertura, diálogo, respeito, comunhão, participação, solidariedade, partilha, e tudo quanto define as relações interpessoais que, mesmo reconhecendo e valorizando a individualidade (cada pessoa), sobrepõe o "nós" comunitário ao "eu" egoísta ou individualista; o "nós" comunitário está impregnado da dimensão do todo, preocupando-se e ocupando-se do bem comum; o "eu" egoísta, por natureza, "ensimesmado", concebe e constrói as relações, tendo em vista o eventual proveito que delas poderá tirar.

Toda esta desafiadora conjuntura exige respostas rápidas e eficazes para enfrentar, combater e substituir as relações mercantilistas, tipicamente neoliberais, por relações humanas, mais fraternas e solidárias, que assumam como ponto alto do seu compromisso o cuidado e a defesa da vida humana e ecológica. 

Ora, para realizar este grande "mutirão pela vida", a única alternativa viável é a construção de comunidades e/ou grupos que, amando-se e apoiando-se, se solidarizem e, solidarizando-se, se protejam e colaborem para proteger e defender a dignidade, a vida e o bem comum, patrimônios indeléveis da humanidade.

É claro que, na prática, a tarefa não é fácil. Na realidade urbana, por exemplo, as pessoas recebem muito mais informação e são mais contaminadas pela mídia elitista e globalizada. Situações como as de condomínio fechados, com porteiros eletrônicos, câmeras internas etc., serão, com certeza, um dos maiores desafios para "fazer comunidade" e evangelizar a cidade. Não obstante, já vemos despontar em regiões urbanas experiências de condomínios, ou parte deles, que se abrem para encontros semanais de círculos bíblicos, onde se realiza a profecia de Jesus: pobres evangelizando ricos. 

Agentes de pastoral, em geral, de classe média baixa para pobre, que vão aos prédios semanalmente para colaborar com os moradores na leitura orante da Bíblia, com o velho conhecido objetivo de transformar a realidade à luz da Palavra de Deus. 

Eu mesmo sou testemunha, a partir das Visitas Pastorais, de Paróquias, na área urbana da Arquidiocese de Juiz de Fora, que acreditam e alimentam o espírito de pequenas comunidades, com círculos bíblicos, em encontros periódicos que se realizam em garagens, varandas ou até mesmo em baixo de uma árvore.

Um exemplo que ilustra esta presença das CEBs, fermento da nova sociedade e inserida no novo contexto social é um de nossos jovens da periferia, de família que vive abaixo da linha da pobreza, mas que conhece e trabalha a Bíblia em linguagem popular como ninguém. 

Em um dos encontros que assessorou, conheceu uma dessas madames de condomínio fechado, que se encantou com sua fala. Chamou-o ao término do encontro e lhe perguntou se, caso ela organizasse um grupo em seu condomínio, ele estaria disposto a uma primeira conversa com o pessoal. O rapaz respondeu que sim e, de fato, foi a primeira vez. Todos gostaram e pediram que fosse uma segunda, e assim o grupo engrenou. 

Com o passar do tempo, os participantes descobriram quem era o jovem que os servia com a reflexão da Palavra: pobre e sem condições sequer de manter seus estudos. A partir daí a Palavra se torna luz que brilha na ação organizada e solidária do grupo (cf. Mt 5,16) e hoje, com a contribuição de todos os seus membros, o jovem tem garantido seu direito de estudar. 

Alguém poderia alegar: mas neste caso a solidariedade aparece como uma opção individualista que resolve apenas um problema pessoal e não comunitário ou coletivo. Seria, se o mesmo grupo não tivesse se mobilizado e assumido o plebiscito contra a privatização da Vale do Rio Doce, na semana da Pátria de setembro de 2007. Ou seja, a reflexão deu origem à construção da experiência comunitária, levando o grupo de classe média a assumir, à luz da Palavra de Deus, uma opção de classe: opção pelos pobres na solidariedade com o jovem, e opção pela classe popular na luta pelos direitos de todos.

Conjugados, estes são os elementos constitutivos das CEBs.

Respondendo ao novo contexto social, a V Conferência do CELAM (Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho) questiona a atual estrutura paroquial que já não responde aos grandes desafios dos tempos modernos (cf. DA - Documento de Aparecida 173), e lança o apelo para transformar a paróquia em uma "rede de comunidades e grupos" (DA 172). Claro está que a Paróquia não é uma CEB, mas uma rede de comunidades missionárias, donde a importância de sua "setorização em unidades territoriais menores... que permitam maior proximidade com as pessoas e grupos que vivem na região" (DA 372).

Por isso, reconhece nas CEBs verdadeiras "escolas" (DA 178) que "demonstram seu compromisso evangelizador e missionário entre os mais simples e afastados, e são expressão visível da opção preferencial pelos pobres. São fonte e semente de variados serviços e ministérios a favor da vida na sociedade e na Igreja" (DA 179).

As CEBs nos tempos atuais se justificam e se impõem como o meio mais coerente e eficaz de ser cristão, pois na atual conjuntura de empobrecimento e exclusão das massas, não há outro caminho, para a sobrevivência dos pobres, que não sejam comunidades humanas, humanizadas, fraternas e solidárias, que têm a missão de acolher e cuidar de todos, no mesmo espírito de Atos dos Apóstolos.